absurdoEu já tinha ouvido falar de muitas coisas absurdas, desde que colocaram fogo no índio até quando arrastaram o menino João Hélio. Mas eu nunca tinha sofrido violência gratuita de nenhuma espécie.

Sábado, fui dar uma volta com um amigo, saí cedo pois não gosto de ficar perambulando por aí, estava a caminho de casa, eram 23h15, quando parei para atravessar na faixa de pedestres. Mesmo com o sinal fechado, aguardo os carros pararem. Os carros pararam e eu atravessei. Quando passei em frente à lanterna direita do segundo carro, ele acelerou, tentei (que idiota) segurar o carro com a mão esquerda, quando eu girei e caí, ele arrancou. Não vi que carro era, não vi o motorista. Só via a carona, uma moça mulata que riu quando eu caí. Fiquei uns momentos ainda sem acreditar, se eu tivesse caído um pouco mais pro lado, eles tinham passado por cima das minhas pernas.

Gratuitamente fui atropelada, uma grande palhaçada pra quem estava dentro do carro, mas pra mim foi um grande motivo de reflexão. Se eu, que tenho medo de tudo, evito sair de casa por medo de tudo, agora não coloco nema cara no portão se não for pra trabalhar.

Fui tirar radiografia no UPA (do Alexandre Paes e Sérgio Cabral) que tem raio-x, mas não tem ortopedista. Segui para o Hospital Estadual Rocha Faria, onde o único ortopedista que só vai uma vez por semana estava em cirurgia e não ia atender ninguém. Comprei diclofenaco e cataflan e fui pra casa com minha radiografia na mão direita e com a mão esquerda toda roxa da colisão proposital. Por sorte, não foi fratura.

Me senti ultrajada, tanto pela gracinha do atropelo, quanto pelo descaso da saúde no estado do Rio de Janeiro. Me senti falida por não ter um plano de saúde e roubada pela saúde pública não atender quem paga seus impostos.

Não foi nada grave, mas poderia ter sido. Uma brincadeira idiota de um babaca na madrugada poderia ter prejudicado meu trabalho e minha vida, poderia ter me aleijado, e eu nem vi a placa do carro…

E salve essa liberdadezinha idiota que não serve pra nada!